Alimentação

 

 

Importância da alimentação

Alimentar correctamente as aves em cativeiro pode ser mais complexo do que se pensa. Geralmente pensa-se que um canário que se tem na gaiola da cozinha pode ser mantido só com as sementes que adquirimos na loja de animais ou supermercado, o que, até certo ponto não deixa de ser verdade. Um dia pensamos em juntar uma fêmea e passado pouco tempo surgem os primeiros ovos. Tudo corre bem e passado o periodo de incubação nascem apenas 2 crias dos 4 ovos. Destas uma morre poucos dias depois de nascer. A outra dura mais uma semana e morre também antes de surgirem as penas. Muitos casais não acertam à primeira, o que até é compreensível, damos o benefício da dúvida e surge nova postura. Tudo começa bem, mas a fêmea fica desgastada rapidamente e apresenta problemas para pôr. A primeira reacção será criticar as aves e dizer que estas não são bons reprodutores, ou até mesmo criticar o criador que as vendeu...

Infelizmente poucas vezes temos a humildade de perceber que numa situação em que as aves só podem comer o que lhes damos sofrem frequentemente de carências alimentares que passam despercebidas e se vão agravando com o tempo. E se o exemplo escolhido foi um casal de canários, vamos agora pensar nourtas espécies para as quais uma gaiola de criação é algo de novo que nunca haviam encontrado em muitas gerações. Se até espécies muito domesticadas têm os seus problemas em cativeiro, o que acontecerá com outras, bem mais exigentes!

 

 

Simulando uma alimentação natural

Em liberdade as aves comem muito mais que sementes. Mesmo os granívoros não deixam de provar algumas lagartas ou insectos que encontrem, sementes verdes, frutas e até mesmo terra e areias. Raramente se alimentam de sementes secas, a grande mairia das sementes é consumida numa fase ainda imatura, pelo menos nos períodos mais abundantes. A natureza fez com que os animais saibam o que lhes faz falta e onde o encontrar. Felizmente para completar o ciclo também fez com que a variação do alimento ao longo do ano se enquadre nos hábitos alimentares das aves (e vice-versa), ou seja, em liberdade a alimentação das aves é o mais completa possível para as suas necessidades.

Assim facilmente compreendemos que uma dieta de sementes secas e água não lhes pode dar tudo o que deveria. Antes de mais, devemos diferenciar quatro tipos de aves com alimentações distintas: granívoros, insectívoros, frugívoros e nectarígavos. Não são só os seus hábitos alimentares que são diferentes; o próprio metabolismo digestivo e ciclos anuais também diferem.

Para as aves granívoras podemos facilmente adquirir sementes em qualquer casa da especialidade a um custo relativamente suportável, dai serem as mais comuns entre os criadores e, na sua grande maioria, as mais fáceis de manter e criar. O acesso fácil ao seu alimento não quer dizer que seja um alimento de qualidade por si só, mas ajuda...

As insectívoras já podem criar alguns problemas, não pela sua dieta em si, visto também existirem diversos alimentos específicos nas lojas, mas pelas grandes exigências em alimento vivo para a reprodução e por geralmente necessitarem de dietas variadas, tal como os frugívoros para quem as dietas têm importância vital em particular na prevenção da hemocromatose, uma doença hepática grave e relativamente comum nestas aves.

Por fim os nectarívogos exigem sobretudo muito tempo e dedicação, a preparação de misturas líquidas como alimento necessita de ser diária e não podem passar mais do que cerca de 10-12 horas sem se alimentarem, e mesmo assim corremos o risco de que entrem em letargia e morram rapidamente.

Pelos nomes facilmente se deduz que estas consomem respectivamente sementes, insectos, frutas e néctar, embora possam perfeitamente comer outras coisas. Um chapim aceita facilmente sementes nas alturas de outono e um tentilhão é quase um perfeito insectívoro quando alimenta as suas crias.

Mas não é só o tipo de alimento que consomem que influencia a saúde das aves, garantindo o seu em estar. Se analisarmos o que se passa em liberdade vamos perceber que as aves não consomem o mesmo tipo de alimento ao longo de todo o ano. Existem variações climatéricas que as "obrigam" a alterar os seus hábitos alimentares. Estas variações não são de desprezar e se existem naturalmente não as devemos eliminar nos nossos aviários. Se no Inverno a escassez de alimentos obriga as aves a alimentarem-se de quase tudo o que encontram, já a abundância de alimento fresco na Primavera provoca um aumento na ingestão de vitaminas (sementes imaturas) e proteína (insectos) que constitui o principal sinal para o início da criação. No Verão à medida que as ervas secam quebra-se esse período, mas a abundância de sementes secas garante que são acumuladas algumas reservas. No Outono o periodo de muda é suportado por um novo pico de vegetação que surge com as chuvas.

          Areia
As aves em geral não possuem dentes, como nos canários o processo de digestão ocorre quando os músculos da moela se contraem triturando os grãos de alimento ingeridos, é nesse processo que a areia desempenha um papel fundamental. É a areia que permite que a trituração que antecede à digestão se proceda de maneira completa, permitindo que a ave possa extrair do alimento todo o seu valor nutritivo. A areia que é ingerida pela ave vai para moela, fazendo as vezes dos dentes, ajudando a triturar e facilitando a digestão dos alimentos. Por esta razão o canário deve sempre ter à sua disposição uma quantidade de areia grossa, lavada e peneirada, se possível; esterilizada e seca ao sol, pode-se acrescentar junto desta areia a casca de ovo que pode ser fervida e moída ou triturado no liquidificador após secar ao sol por alguns dias, a casca não deve ser triturada muito no liquidificador para evitar que vire pó, e que fique num tamanho em que o canário possa escolher, onde junto com a areia irá na moela.

A casca de ovo é uma rica fonte de cálcio o qual é indispensável para a vida das aves. A areia deve permanecer diariamente pois as aves saberão quanto e quando se alimentar.

 

         Ovo
Fornecer duas vezes por semana ovos cozidos, por no mínimo 20 minutos a cozer.

 

         Água
Como em todos os seres vivos a maior parte que constituem o corpo é água, como não poderia de ser os canários também possuem água em seu corpo 60%. Uma ave pode ficar sem comer e perder suas gorduras e proteínas e ainda sobreviverá, enquanto que a perca de 15% de água resultará em sua morte.

Os canários devem ter à sua disposição água para beber e outro para se banhar. A água a ser fornecida para o consumo da ave deve ser um água fresca e limpa, livre de impurezas ou mesmo de produtos químicos como cloro, etc; produtos estes que são utilizados no seu tratamento. A água é um dos alimentos que não há substituto, ele só vai ingerir aquela, por este motivo quando tiver de administrar remédios e vitaminas faz-se por via desta, pois a ave será obrigada a ingerir.
No organismo da ave se faz necessário pois a mesma transporta materiais de uma parte do corpo para outra e executa funções importantes na regulação da temperatura do organismo dos canários.
A quantidade de água a ser consumida pelos canários em relação aos alimentos chega a ser numa proporção de 3 partes de água para uma parte de alimento ingerido.

A água deve ser trocada todos os dias, evitando assim o acumulo de sujidade nos bebedouros que é prejudicial a ave, evite que fiquem expostos aos raios solares, porque a água aquece e pode causar diarreia as aves. Quanto a água de beber em viveiros e voadeiras estas devem ser colocadas do lado externo como nas gaiolas, se não for possível é aconselhável que não se coloque os bebedouros debaixo dos poleiros, para evitar que as aves defequem dentro dos bebedouros, podendo contaminar a água.